¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, agosto 14, 2014
 
DO NEPOTISMO À SANTIDADE...


...em 24 horas. Ontem, acusado de nepotismo. Hoje, santo. A santidade respingou até em seu avô, Miguel Arraes, um dos celerados banidos do Brasil por querer transformá-lo em republiqueta soviética.

Tio de Campos continua em diretoria de estatal federal

Folha de São Paulo – 07/08/21014
Ranier Bragon

Tio do candidato de oposição à Presidência da República Eduardo Campos (PSB), Marcos Arraes de Alencar continua ocupando um cargo de direção na estatal federal Hemobras, apesar de há seis meses o governo de Pernambuco, então comandado pelo sobrinho, ter informado que ele havia pedido demissão. Alçado ao cargo em 2011 por indicação da gestão de Campos em Pernambuco –o governo estadual tem participação minoritária na estatal–, Marcos Arraes disse nesta quarta-feira (6) que nunca pediu para sair, embora tenha avaliado a hipótese.

Ele afirma que conversou com Campos sobre sua permanência. "Consultei [Campos], claro. (...) Ele me disse: 'Se você pedir demissão, vou ter que indicar outro, então dá no mesmo'", afirmou o tio do presidenciável.

Em setembro de 2013, Campos liderou o rompimento do PSB com Dilma Rousseff, primeiro passo para se lançar ao Palácio do Planalto, e hoje é um dos principais críticos da administração petista. Na ocasião, anunciou a entrega dos cargos e ministérios que a sigla tinha no governo.

Cerca de cinco meses depois, a Folha mostrou que indicados pelo PSB ainda continuavam em órgãos federais. Na ocasião, a Secretaria de Imprensa do governo de Pernambuco informou que o tio de Campos havia pedido demissão e que aguardava apenas a indicação do substituto para deixar o posto. Filho do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), Marcos Arraes cumpre mandato de quatro anos como diretor de Administração e Finanças da Hemobras (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia), com salário mensal de R$ 26,4 mil.

Com participação minoritária do governo de Pernambuco, a estatal federal é vinculada ao Ministério da Saúde. O tio de Campos diz não ver constrangimento em sua permanência na função. "Veja só, se eu pedir demissão, o meu cargo é do governo do Estado. Então me disseram, 'não peça não', já que é do governo do Estado, vai vir outro indicado pelo governo do Estado", afirmou.

Campos diz não ver nada de errado em ter feito campanha para sua mãe no TCU

Estadão – 12/08/2014
Ana Fernandes

Candidato do PSB defende Ana Arraes e afirma que ministra do Tribunal de Contas da União tem feito trabalho digno e com méritos

O candidato a presidente Eduardo Campos (PSB) disse não ver problema em ter feito campanha para sua mãe, Ana Arraes, ser eleita ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). "Ela disputou a eleição com vários deputados, foi a única mulher que ganhou no voto e tem feito um trabalho que todos reconhecem como digno e com méritos", disse há pouco em entrevista ao Jornal Nacional.

Questionado se teria dado um bom exemplo, usando seu empenho enquanto governador de Pernambuco para eleger a mãe a um cargo público e vitalício, Campos disse não ver "nada de errado" em sua postura. "Se fosse outra pessoa (do meu partido) eu também teria apoiado", argumentou.

Campos foi perguntado ainda sobre os primos de sua esposa Renata Campos, Marcos Loreto e João Campos, que foram indicados para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), órgão responsável por fiscalizar as contas de seu governo em Pernambuco. O candidato argumentou não ser um caso de nepotismo pois essas indicações são feitas pela Assembleia Legislativa e não pelo Executivo. Afirmou também ter sido o primeiro governador a aprovar uma lei antinepotismo.

Eduardo Campos

Editorial Folha de São Paulo – 14/08/2104

Morte do candidato do PSB retira da campanha presidencial um dos maiores fatores de renovação do cenário eleitoral brasileiro

Na violência cega de um acidente aéreo, perdeu-se uma das personalidades mais promissoras da vida política nacional. Aos 49 anos, Eduardo Campos vinha de uma bem avaliada gestão no governo de Pernambuco para representar, na disputa à Presidência da República, o difícil e estimulante papel de alternativa à tradicional polarização entre petistas e tucanos no plano federal.

Seu perfil o habilitava de forma singular para esse desafio, embora a própria campanha --tragicamente interrompida-- tivesse ainda de desenhá-lo com mais nitidez.

Neto, por parte de mãe, do mitológico líder esquerdista Miguel Arraes, de quem foi secretário da Fazenda nos anos 1990, Campos tinha, pelo lado paterno, ligações com os setores mais conservadores da política local.

O lastro de herdeiro de Arraes não o impediu de procurar caminhos próprios na cena pernambucana --do mesmo modo que, ex-ministro da Ciência e Tecnologia durante o governo Lula, percebeu que suas perspectivas seriam limitadas caso seu partido, o PSB, se mantivesse por mais tempo à sombra do situacionismo petista.

Escorado nos altos índices de crescimento econômico obtidos em seu período como governador, bem como numa visão administrativa sem ranços ideológicos, Campos procurou aproximar-se do empresariado, adiantando-se em relação ao mineiro Aécio Neves (PSDB) na disputa pelo campo de oposição à presidente Dilma Rousseff (PT).