¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, maio 02, 2013
 
MARIDOS APEDREJARÃO MARIDAS?


Vivemos em um mundo preto e branco, em que as pessoas têm dificuldade de distinguir todas as cores que existem entre preto e branco. Outro dia, manifestei meu espanto ante articulistas que se pretendem intelectuais e curtem filmes de super-heróis e mesmo a Disnêylândia. Fui logo rotulado como cultor da Nouvelle Vague e dos filmes iranianos.

Ora, sempre mantive distância não só da Nouvelle Vague, como do cinema francês como um todo. O cinema francês é muito teatral. Eu, que já não gosto de teatro, não me disponho a assistir a teatro filmado. Com isto não quero dizer que os filmes franceses sejam ruins. Apenas que não gosto do jeito deles filmarem. São muito literários. O cômico francês Louis de Funès estabelecia uma diferença entre o cinema francês e o americano. Diante de uma porta, no cinema americano o personagem abre a porta e entra. No cinema francês, o personagem não abre a porta sem antes falar: "Voilà, la porte!" E só depois entra.

Quanto ao cinema iraniano, até hoje não entendi o prestígio que assumiu ante os ditos intelectuais. Deve ser seqüela desse estranho amor que vem unindo ultimamente marxistas e muçulmanos. Alguém destes nossos dias já viu os filmes de Antonioni? Lentos, monótonos, insuportáveis. Cinema iraniano consegue ser pior.

Mais ainda: por manifestar minha ojeriza à indústria cinematográfica ianque, não faltou quem me classificasse como marxista. Ora, desde que me conheço por gente venho criticando os marxistas, o que me valeu outros qualificativos, como agente do Dops, do SNI e da CIA, respectivamente. Enfim, para quem já foi definido como católico fanático por uma interlocutora judia, nada de espantar.

Aconteceu de novo, aliás há horas vem acontecendo. Porque denuncio a incongruência do casamento entre homossexuais, que nossa Constituição não admite – embora os vultures do STF a tenham rasgado com gosto, há quem julgue que me oponho ao homossexualismo. Ontem ainda, em minha coluna no Baguete, mereci estas delicadezas, por ter publicado artigo sobre as neobichas, isto é, os homoafetivos. Assinadas por um anônimo, é claro.

É incrível que um site como o Baguete publique tão preconceituoso artigo. Este senhor, ultrapassado e felizmente a beira da cova, mantém a mesma mentalidade de 50 anos atrás. Isso francamente nao me surpreende. Se eu perguntar a opinião do meu avô sobre o assunto, provavelmente seria algo similar. Agora, o Baguete publicar tal artigo me surpreende de maneira muito negativa. É um absurdo este tipo de artigo preconceituoso em uma midia de TI. Vergonha.

Comovido com o “felizmente à beira da cova”, que demonstra o apreço do leitor por quem dele discorda, parece que o leitor cometeu o equívoco usual de tantos outros leitores. Se não sou a favor do casamento homossexual, obviamente sou contra o homossexualismo.

Ora, desde meus verdes anos convivo bem com homossexuais e tive entre eles bons amigos. Há um bom meio século venho defendendo toda e qualquer opção sexual, desde que não implique violência. O que é ridículo é esse desejo de casar – pior ainda pelo religioso – e de freqüentar igrejas cristãs, que só podem condenar o homossexualismo, pois esta condenação está no livro que as embasa. Os homossexuais querem ser acolhidos por uma religião que prescreve a morte para os homossexuais.

Ah! Não se fazem mais homossexuais como antigamente – escrevia eu ano passado. Tanto que viraram gays, homoafetivos, tudo menos homossexuais. Convivi com eles desde o ginásio à universidade e mais tarde na vida profissional. Ostentavam uma certa aura, não digo de heróis, mas de rebeldes avessos à sociedade bem comportada, à ética vigente, ao casamento e à religião. Entre os homossexuais com os quais convivi – e alguns eram companheiros de bar – nunca vi casais nem pessoas com pendores religiosos. Todos tinham consciência de que as religiões vigentes condenavam seus comportamentos, e das igrejas só queriam distância. Eram geralmente pessoas cultas e sensíveis. Quando penso nos homossexuais de minha juventude, sempre me vem à mente o “non serviam” de Lucifer, a primeira afirmação de liberdade ante a arrogância do Altíssimo.

Eram também avessos ao convívio familiar e trocavam de parceiros como quem troca de roupa. Não havia namorinhos na época, nem mãozinhas dadas. Mas uma sexualidade intensa e diversificada. Dispensavam aquelas longas conversas que tínhamos de suportar, na época, para levar uma menina à cama. Bastava um olhar trocado na rua. O tempo entre o olhar e os fatos era igual ao necessário para encontrar o quarto mais próximo. Não enganavam parceiro algum com promessas de amor duradouro, muito menos de casamento, aliás nem se cogitava disto na época.

Hoje, vemos uma corrida dos homossexuais aos templos. Ao que tudo indica, o homossexualismo foi cooptado pelo sistema. Homossexuais agora constituem famílias, nos mesmos moldes dos heterossexuais e se submetem às mesmas regras de fidelidade destes. A qualquer infidelidade, o divórcio. A Suécia, sempre pioneira nestas questões, é talvez o país campeão em matéria de separações legais entre pessoas do mesmo sexo. Em maio de 2004, um estudo publicado pelo Institute for Marriage and Public Policy (IMAPP), mostrava o elevado índice de “divórcios” legais entre homossexuais que registraram uma união civil na Suécia.

Segundo o Instituto, entre os anos de 1995 e 2002, houve na Suécia 1.526 uniões homossexuais, comparadas com as 280.000 heterossexuais. Em cada 1000 novos parceiros registrados na Suécia, cinco é entre pessoas do mesmo sexo. Dessas, 62% são entre homens do mesmo sexo. A pesquisa revelou uma elevada taxa de divórcios legais entre os homossexuais suecos. Os homens homossexuais eram 50% mais susceptíveis de se divorciarem dentro dum período de oito anos do que os heterossexuais, enquanto as lésbicas eram 167% mais susceptíveis de se “divorciarem” do que os heterossexuais.

Para compatibilizar homossexualismo e religião, os militantes tentam torcer os textos bíblicos a seu talante. Ainda há pouco, o pastor Marcos Gladstone, fundador da Igreja Cristã Contemporânea – seja lá o que isto quer dizer – afirmava que algumas traduções do livro sagrado dos cristãos foram feitas de forma "maliciosa", e citava como exemplo Coríntios, 1:6. "Versões preconceituosas traduziram o trecho como 'efeminados e sodomitas não herdarão o Reino dos Céus'; porém, o escrito original do grego diz 'Depravados e pessoas de costumes infames não herdarão o Reino dos Céus'".

Consultei amiga tradutora de grego, que foi às fontes. Na Carta aos Coríntios, lá está, na versão em grego moderno: Ή μήπως δεν ξέρετε πως οι άδικοι δε θα κληρονομήσουν τη βασιλεία του Θεού; Mη γελιέστε! Oύτε πόρνοι ούτε ειδωλολάτρες ούτε μοιχοί ούτε ομοφυλόφιλοι ούτε σοδομίτες.

Traduzindo: “Vocês não sabem que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não se iludam! Nem os imorais, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados (não tem no texto original), nem os efeminados, nem os sodomitas.

Das palavras controversas: μαλακοὶ = está mais para "efeminados" mesmo; ἀρσενοκοῖται = literalmente, "aqueles que dormem com homens".

O pastor mente. Os jornais reproduzem tais mentiras sem checar, e temos uma bíblia que não condena os homossexuais. Quem quiser ser homossexual, que o seja prazerosamente. Mas que não deturpem os textos antigos. Se alguém optar pelo bom esporte, que largue a Bíblia de vez. Porque Bíblia, decididamente, não rima com homossexualismo.

Ou os maridos terão de apedrejar as maridas, quando estas forem flagradas em adultério.