¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, julho 18, 2012
 
AINDA OS EQUOS


Declaração enviada ao jornal eletrônico Baguete, onde publiquei crônica comentando a equoterapia:

A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EQUOTERAPIA, cuja sigla oficial é ANDE-BRASIL, foi fundada em 10 de maio de 1989 e é uma entidade civil sem fins lucrativos, de caráter filantrópico, assistencial e terapêutico. Tendo sede em Brasília – DF, atua em todo o Território Nacional e foi criadora da palavra Equoterapia e responsável pela implantação das bases metodológicas da Equoterapia no país, enquanto método de reabilitação biopsicossocial. É responsável pela divulgação deste método, apoiando a criação de Centros de Equoterapia por todo o território nacional, cujo funcionamento é normatizado e acompanhado de perto pela própria associação, responsabilizando-se pela capacitação dos profissionais que compõe as equipes de atendimento. As equipes são formadas minimamente por fisioterapeutas, psicólogos e professores de equitação.

Sendo a ANDE-BRASIL uma entidade sem fins lucrativos, o atendimento em Equoterapia no seu centro, o qual funciona na mesma área ocupada pela associação nacional, é totalmente gratuito. Seus centros filiados, espalhados pelo país, se comprometem a manter 20% de seus atendimentos gratuitos. Muitos centros de equoterapia que possuem vínculos com entidades ou organizações mantenedoras promovem seus atendimentos gratuitamente.

Esclareço ainda, que a equoterapia não é moda, já que o uso do cavalo com finalidades terapêuticas tem origens remotas anteriores a Era Cristã. Além do mais, os profissionais que atuam nessa área, são possuidores de cursos superiores (fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, dentre outros) participam de formação complementar apropriada por meio de Cursos Básicos, Avançados e Especializações em Equoterapia para aprofundamento dos conhecimentos, não sendo, portanto “ditos terapeutas”, mas sim, profissionais habilitados para esse fim.

No que diz respeito à Equoterapia, convém esclarecer que se trata de um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. É imperioso destacar que o tratamento só poderá ser iniciado após criteriosa avaliação e indicação médica, fisioterápica e psicológica, realizada por profissionais capacitados e credenciados pelos respectivos Conselhos.

O método emprega o cavalo como agente promotor de ganhos no nível físico e psíquico. Esta atividade exige a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora, do equilíbrio e da autoestima. A andadura do cavalo, ao passo, apresenta um movimento tridimensional reconhecido cientificamente e testado ao longo dos tempos, trazendo inúmeros benefícios ao paciente/praticante. Tal método é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (6 de abril de 1997), Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (27 de março de 2008) e Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (11 de agosto 1993).

Além da aprovação por esses órgãos deliberativos, a equoterapia já é reconhecida por um vasto número de profissionais brasileiros e estrangeiros, que atuam em reabilitação humana e em outras áreas do conhecimento científico, em países onde, aliás, esta atividade adquiriu várias denominações, ao longo dos mais de 50 anos de sua existência. Na Alemanha, esta modalidade de terapia surgiu em 1960, seguida pela Suíça, França, Itália, Estados Unidos e encontra-se hoje disseminada pelo mundo todo. Através do site da Federação Internacional “Horses in Education and Therapy”, HETI, em: www.hetifederation.org é possível ter-se uma ideia da amplitude e importância desta terapia.

Jorge Dornelles Passamani - Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil).

Só hoje li a manifestação da Ande-Brasil. Embora não me cite, obviamente é a mim dirigida. Muito honrado. Mas o texto deixa algumas perguntas. Se “os profissionais que atuam nessa área, são possuidores de cursos superiores (fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, dentre outros) participam de formação complementar apropriada por meio de Cursos Básicos, Avançados e Especializações em Equoterapia para aprofundamento dos conhecimentos, não sendo, portanto “ditos terapeutas”, mas sim, profissionais habilitados para esse fim”, isto significa que não existe algo específico que se possa chamar de formação em equoterapia.

Seria interessante especificar quais seriam os “dentre outros”, citados na nota a propósito de cursos. Filosofia vale? No Rio Grande do Sul, os “filósofos” estão invadindo o mercado cativo dos psicanalistas. Pode ser padre? Os “defroqués” há muito invadiram o campo da psicologia.

Pai de santo vale? Se curso superior é critério, já temos pais de santo com nível superior. A Faculdade de Teologia Umbandista de São Paulo formou, em 2007, seus 35 primeiros graduados, que cursaram sociologia, psicologia, filosofia, ciências políticas, matemática, artes e lógica. Também estudaram anatomia, botânica, administração templária e sistemas filo-religiosos. A meu ver, estão amplamente habilitados a exercer o novel ofício.

A equoterapia, como a psicanálise, ainda não está regulamentada como profissão. Ou seja, qualquer pessoa, sem formação específica alguma, pode ser psicanalista ou equoterapeuta. O que em nada enobrece a profissão. O método pode ser reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina, pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e pela Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação. Não está regulamentado por lei.

Leio que, no ano passado, a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) aprovou projeto de lei que regulamenta a prática da equoterapia como método terapêutico e educacional. Daí à regulamentação, medeia ainda uma longa distância. Sem falar que é muito estranho ver autoridades da Agricultura e Reforma Agrária definindo uma terapia.

“A andadura do cavalo, ao passo, apresenta um movimento tridimensional reconhecido cientificamente e testado ao longo dos tempos, trazendo inúmeros benefícios ao paciente/praticante”. Não vou discordar. Mas então basta cavalgar, ora bolas.

“Esta atividade adquiriu várias denominações, ao longo dos mais de 50 anos de sua existência. Na Alemanha, esta modalidade de terapia surgiu em 1960, seguida pela Suíça, França, Itália, Estados Unidos e encontra-se hoje disseminada pelo mundo todo”. Ora, a psicanálise é bem mais antiga e muito mais difundida no mundo todo. E hoje está universalmente desmoralizada. A astrologia também.

Tivesse eu posto em dúvida a utilidade da engenharia ou da medicina, certamente não teria recebido resposta alguma das entidades de classe de engenheiros ou médicos. São profissões que não têm dúvida alguma de suas eficácias. O mesmo não parece ocorrer com os equoterapeutas.