¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, dezembro 22, 2011
 
PCdoB ESCANDALIZA,
MAS AMADO É HERÓI



Está causando espanto nos meios jornalísticos a nota em que o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) se solidariza com o povo coreano e com o Partido do Trabalho da Coréia pela morte do líder da República Popular Democrática de Coréia (RPDC), Kim Jong Il.

Estimado camarada Kim Jong Un

Estimados camaradas do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coréia

Recebemos com profundo pesar a notícia do falecimento do camarada Kim Jong Il, secretário-geral do Partido do Trabalho da Coréia, presidente do Comitê de Defesa Nacional da República Popular Democrática da Coréia e comandante supremo do Exército Popular da Coreia.

Durante toda a sua vida de destacado revolucionário, o camarada Kim Jong Il manteve bem altas as bandeiras da independência da República Popular Democrática da Coreia, da luta anti-imperialista, da construção de um Estado e de uma economia prósperos e socialistas, e baseados nos interesses e necessidades das massas populares.

O camarada Kim Jong Il deu continuidade ao desenvolvimento da revolução coreana, inicialmente liderada pelo camarada Kim Il Sung, defendendo com dignidade as conquistas do socialismo em sua pátria. Patriota e internacionalista promoveu as causas da reunificação coreana, da paz e da amizade e da solidariedade entre os povos.

Em nome dos militantes e do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) expressamos nossas sentidas condolências e nossa homenagem à memória do camarada Kim Jong Il.

Temos a confiança de que o povo coreano e o Partido do Trabalho da Coreia irão superar este momento de dor e seguirão unidos para continuar a defender a independência da nação coreana frente às ameaças e ataques covardes do imperialismo, e ao mesmo tempo seguir impulsionando as inovações necessárias para avançar na construção socialista e na melhoria da vida do povo coreano.


Comunista morre pela boca. Aldo Rebelo, ministro dos Esportes, solidarizou-se com a nota de seu partido: "Minha opinião sobre isso é a opinião do partido. Temos no Brasil a mania de querer censurar até nota de pesar. O homem morreu, a gente faz uma nota de pesar e o pessoal vem contestar?", disse.

Kim Jong-il mereceu pelo menos algum a consideração a mais por parte dos brasileiros do que Muamar Kadafi. Eu estava chegando em Berlim quando soube a notícia de seu assassinato. Fiquei esperando uma nota de pesar de Lula, que o saudou como “amigo e irmão”. Não vi nota nenhuma. O amigo e irmão líbio morre daquele jeito e o amigo e irmão brasileiro não diz uma palavrinha. Como tampouco ouvi palavra dos demais líderes que o abraçaram, como Obama, Sarkozy, Merkel, Berlusconi, Cameron, Cristina Kirchner. Os jornais foram pródigos em mostrar fotos destes dignitários confraternizando com Kadafi. Curiosamente, omitiram os salamaleques de Fidel Castro e Mandela ao ditador líbio. A propósito, Mandela recebeu em 1989 o Prêmio Internacional Al-Kadafi de Direitos Humanos.

Mas falava da santa indignação de algumas vestais da imprensa quanto aos pêsames do PCdoB e de Aldo Rebelo por ocasião da morte do ditador norte-coreano. Ora, se é para indignar-se, muito mais vil foi um insigne vulto das letras pátrias, que ainda este ano recebia homenagens em todos os jornais brasileiros.

Em O Mundo da Paz, que escreveu em 1950 subvencionado por Moscou, Jorge Amado faz uma ode a Lênin, Stalin e ao ditador albanês Envers Hodja. No ano seguinte, quando o livro foi publicado, Amado recebeu em Moscou o Prêmio Stalin Internacional da Paz, atribuído ao conjunto de sua obra, condecoração geralmente omitida em suas biografias. Escreve o baiano:

“Vós sabeis, amigos, o ódio que eles têm - os homens de dinheiro, os donos da vida, os opressores dos povos, os exploradores do trabalho humano - a Stalin. Esse nome os faz tremer, esse nome os inquieta, enche de fantasmas suas noites, impede-lhes o sono e transforma seus sonhos em pesadelos. Sobre esse nome as mais vis calúnias, as infâmias maiores, as mais sórdidas mentiras. ‘O Tzar Vermelho’, leio na manchete de um jornal. E sorrio porque penso que, no Kremlin, ele trabalha incansavelmente para seu povo soviético e para todos nós, paras toda a humanidade, pela felicidade de todos os povos. Mestre, guia e pai, o maior cientista do mundo de hoje, o maior estadista, o maior general, aquilo que de melhor a humanidade produziu. Sim, eles caluniam, insultam e rangem os dentes. Mas até Stalin se eleva o amor de milhões, de dezenas e centenas de milhões de seres humanos. Não há muito ele completou 70 anos. Foi uma festa mundial, seu nome foi saudado na China e no Líbano, na Romênia e no Equador, em Nicarágua e na África do Sul. Para o rumo do leste se voltaram nesse dia de dezembro os olhos e as esperanças de centenas de milhões de homens. E os operários brasileiros escreveram sobre a montanha o seu nome luminoso”.

O homem que escreveu esta ode a um dos maiores assassinos do século passado ainda hoje recebe as honras da imprensa nacional. Já os malucos do PCdoB causam espanto.