¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, junho 23, 2011
 
FUMACÊ NA UNB


Veja ainda vai acabar descobrindo a América. Em sua edição on line, nos traz a surpreendente revelação de que drogas são consumidas livremente no principal prédio da Universidade de Brasília, inclusive em salas de aula. O site publica um vídeo com flagrantes de uma festa organizada por alunos da Biologia, no dia 17 passado.

“Cerca de 3.000 pessoas participaram do evento, que teve a apresentação de bandas de rock. Um breve passeio era suficiente para constatar a disseminação da droga no local. Jovens não se preocupavam em esconder a prática e preparavam cigarros de maconha na frente de todos. Grupos usavam salas de aula para dividir os entorpecentes. Tudo dentro do Instituto Central de Ciências (ICC), o prédio-símbolo da universidade.

“A Polícia Militar não foi vista no mal iluminado câmpus Darcy Ribeiro, localizado a quatro quilômetros do Congresso Nacional. Em greve, agentes de segurança da universidade também não incomodaram os usuários. Dois porteiros do prédio pareciam cochilar. Não havia qualquer controle que impedisse a presença de menores de idade no local”.

Desde há muito as drogas vêm sendo consumidas livremente nas universidades de todo o país. Os campi constituem verdadeiros templos onde os drogados buscam refúgio. Os alunos da USP, sem ir mais longe, preferem arriscar-se a assaltos e estupros a serem perturbados pela presença da polícia. A universidade, no Brasil, é o foco disseminador de duas pragas, as drogas e o marxismo. Isso sem falar em outros males gálicos, como o estruturalismo, lacanismo, desconstrutivismo. Estes, pelo menos não tão letais.

As drogas se popularizaram no Brasil através da universidade. Nos tempos em que vivi na Fronteira gaúcha, maconha ou cocaína eram coisas da capital. Bastou a universidade chegar lá e as ruas foram tomadas, à noite, por bandos de jovens drogados. Que o digam Dom Pedrito, Bagé, Livramento. Assim como a universidade, a droga chegou na Campanha para ficar.

No final dos anos 50, droga era coisa de marginais. Lembro de ter visto reportagem em uma revista da época, em que um repórter deixava crescer a barba para infiltrar-se junto a presidiários. Na época, antes ainda da tomada do poder em Cuba por Castro e Guevara, barba era distintivo de bandido. Era preciso descer ao “tenebroso mundo do crime” para se conhecer os meandros do mundo da droga. A maconha era conhecida como a erva do diabo. Só tornou-se coisa de gente fina quando passou a ser consumida pelos universitários americanos. Com um nome que indicava sua procedência mexicana, marijuana. Com os Woodstocks e Beatles e roqueiros da vida, a cannabis ganhou status acadêmico. Não por acaso o fumacê brasiliense era animado por bandas de rock. Rock e drogas sempre andaram juntos.

Bons dias para o jornalismo nacional. Repórteres não precisam mais enfurnar-se nas prisões para fazer matéria sobre as drogas. Hoje, basta visitar os centros de excelência do ensino universitário no país. Segundo o decano Eduardo Raupp, os seguranças da universidade são orientados a acionar a Polícia Militar quando constatam a presença de drogas no câmpus. Admite no entanto que não se lembra de qualquer caso em que tenha havido algum flagrante do tipo dentro da UnB. Santa ingenuidade. Só há flagrante quando a imprensa noticia. Os jornalistas não passam de estraga-prazeres que perturbam a normalidade acadêmica.

Obviamente, nenhum dos alunos que participaram da festa regada a drogas na UnB será desligado da universidade. Como não foram desligados da PUC de São Paulo, nem da Estácio de Sá no Rio, nem da USP, nem da UFSC ou da UFRGS, nem da Urcamp ou da Funba.

Curta é a memória das gentes. Pelo jeito ninguém mais lembra quando, em 2003, Anthony Garotinho, então secretário de Segurança do Rio de Janeiro, ficou seriamente preocupado com o caos social decorrente do fim do tráfico: "Imagine se nós conseguíssemos fechar todas as bocas-de-fumo por uma semana e não fosse vendido um papelote de cocaína ou um grama de maconha? O que aconteceria com 700 mil pessoas depois de três dias sem usar droga, em crise de abstinência?”

Em pleno 2011, ainda há palhaços falando em liberação das drogas. Para refrescar a memória dos leitores, reproduzo crônica que publiquei há dois anos.