¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, março 18, 2011
 
PANACAS CULTUAM VIGARISTAS
QUE LHES BATEM AS CARTEIRAS



Voltando à vaca fria: o Ministério da Cultura (MinC) é tão pródigo que já nem sabe com qual mão dá milho aos porcos. Leio na Folha de São Paulo de hoje: na nota em que a assessoria de comunicação do MinC tentava explicar a falcatrua da musa da Máfia do Dendê, estava escrito que o projeto de Bethânia, aprovado para captação pela Lei do Audiovisual, havia sido aprovado pela CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura). Acontece que a CNIC só analisa projetos que se utilizam da Lei Rouanet.

Na verdade, a grana foi subtraída do bolso do contribuinte através da Lei do Audiovisual, que é gerida pela Ancine (Agência Nacional de Cinema). Os assessores de imprensa do MinC redigiram uma errata na noite de anteontem. Mudam as moscas. O substrato emético aquele continua o mesmo. A roubalheira é tamanha que o Minc já nem sabe quais armas usou no assalto.

O cineasta Andrucha Waddington, responsável pela produção de vídeos da decana da Máfia do Dendê, deixou claro que já tinha perdido a paciência. Ou os estribos. "Parece que eu tô roubando alguém", disse. Claro que está. Por que raios há de o contribuinte arcar com o financiamento de uma cantora de sucesso?

Costumo afirmar que, no Brasil, quando se puxa um fio de meada, vem um novelo junto. Bethânia teve liberados 1,3 milhão de reais para seu projeto, dos quais 600 mil iriam para sua modesta poupança. No prazo de um ano, isto dá 50 mil reais por mês, bolo de cédulas de fazer inveja até a deputados ou senadores corruptos. A deputada Jaqueline Roriz é moça tímida, de ambições modestas. Recebeu apenas um mísero pacotinho de 50 mil. Este é o pacote que Bethânia abiscoita. Por mês.

Fosse só isso, seria só isso e nada mais. Puxado o fio, veio o novelo atrás. Ainda na Folha de hoje, leio que o Minc já autorizou Bethânia a captar R$ 10,5 milhões para seis projetos culturais desde 2006. O que, de lá para cá, dá a bela soma de mais de dois milhões de reais por ano. Poucos são os deputados corruptos que conseguem levantar, no ano, tal bolada. A mesquinharia e ganância dos baianos da Máfia do Dendê é tão desmesurada que, mesmo milionários, avançam no dinheiro público.

Neste Brasil permissivo, onde em se roubando tudo dá, milhões de panacas pagam caro para comprar CDs e assistir shows de vigaristas que, antes mesmo do espetáculo, já lhes bateram a carteira.