¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, março 27, 2011
 
ENCASTELADO NO VATICANO,
PAPA DEFENDE ESPAÇO PARA
OS MUÇULMANOS NA EUROPA



Bento XVI conclamou, na sexta-feira passada, os crentes e não crentes reunidos no que chamou de Átrio dos Gentios, diante da Notre Dame de Paris, a “deixar cair as barreiras do medo do outro, do estrangeiro”. O Átrio dos Gentios é uma criação do Vaticano, para favorecer o diálogo entre crentes e não-crentes. “Muitos reconhecem que eles não pertencem a uma religião, mas desejam um mundo novo e mais livre, mais justo e mais solidário. Cabe a vocês de fazer que em vossos países na Europa, crentes e não-crentes encontrem o caminho do diálogo”, disse o Bento.

Mas não era bem do outro, nem dos estrangeiros – e muito menos dos não-crentes - de quem falava Sua Santidade. Seu discurso, segundo o Nouvel Obs, fazia eco às inquietações dos religiosos da França, face ao que chamam de estigmatização dos muçulmanos. Gentios, para a Igreja, não são exatamente os ateus. Mas todos aqueles que não participam de sua fé nem de seus dogmas.

“Se se trata de construir um mundo de liberdade, de igualdade e de fraternidade – disse o papa, fazendo uma homenagem dissimulada aos revolucionários de 1789 que, entre outras providências, confiscaram os bens da Igreja - crentes e não-crentes devem se sentir mais livres de serem iguais em seus direitos de viver sua vida pessoal e comunitária em fidelidade a suas convicções”.

Como se pudessem ser cultivadas estas flores – liberdade, igualdade e fraternidade – entre duas culturas, quando uma delas considera a mulher um ser inferior, que deve ser castrada e obediente a seu amo e senhor. Como se algum muçulmano desejasse algum mundo novo, mais livre, mais justo e mais solidário. A única coisa que os muçulmanos almejam na Europa é a preservação de seu mundo arcaico e de seus bárbaros costumes.

“Uma das razões de ser deste Átrio dos Gentios – insistiu o vice-Deus – é de trabalhar por esta fraternidade além das convicções, mas sem negar suas diferenças”. Ora, as diferenças entre Ocidente e Islã são incontornáveis. Mas os sacerdotes são todos cúmplices, sejam de quais religiões forem. Padre não briga com padre. Nenhum aiatolá de Roma vai atacar os aiatolás de Teerã ou os mulás do Cairo ou de Bagdá. Todo código de deontologia é um acordo entre canalhas. Vigarista algum acusa o colega de vigarice.

“Sejam atentos a estabelecer laços com todos os jovens sem distinção – disse Bento – não esquecendo aqueles que vivem na pobreza e na solidão, os que sofrem do desemprego, da doença ou se sentem à margem da sociedade”. Ironicamente, Sua Santidade se dirigia ao país que sustenta, com sua Previdência Social, os coitadinhos dos jovens árabes e africanos que se julgam no sagrado direito de ter quatro mulheres, cortar-lhes o clitóris e espancá-las quando bem entenderem. Sem falar no direito adquirido de queimar carros dos franceses impunemente, a cada final de ano.

Encastelado no Vaticano - presente de Mussolini à Igreja, sempre é bom lembrar - cidadela que jamais teve o ônus de abrigar levas de imigrantes, Bento conclama a Europa a dormir com o inimigo. Melhor Sua Santidade ficasse calada. Passaria talvez por inteligente.