¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, agosto 15, 2010
 
FOLHA SILENCIA SOBRE
NEGOCIATA DOS SARNEY



Quando a polícia descobriu no escritório da empresa Lunus, em São Luís, no Maranhão, um cofre com R$ 1,34 milhão separados em pacotes com notas de R$ 50, corria uma piadinha na Internet. Roseana Sarney acorda seu marido no meio da noite:

- Murad, vamos fazer uma sacanagem?
- Vamos, Roseana. Onde é que eu assino?

O Estado de São Paulo e os portais de Veja e Terra denunciaram, neste domingo, mais uma falcatrua da famiglia Sarney. O jornal exibe documentos dos arquivos do Banco Santos indicando que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e seu marido, Jorge Murad, simularam um empréstimo de R$ 4,5 milhões para resgatar US$ 1,5 milhão que possuíam no exterior. Vamos à notícia:

Os papéis obtidos pelo Estado – incluindo um relatório confidencial do banco – dão detalhes da operação, montada legalmente no Brasil, com um prazo de seis anos. Os relatórios mostram, no entanto, que o empréstimo foi pago por meio de um banco suíço cinco dias depois da liberação dos recursos no Brasil.

O dinheiro foi, segundo os documentos, investido na compra de participações acionárias em dois shoppings, um em São Luís e outro no Rio de Janeiro. O Banco Santos teria servido apenas como ponte para Roseana e Murad usarem os dólares depositados lá fora. É o que o mercado financeiro batiza de operação "back to back".

O acordo ocorreu em julho de 2004 entre a governadora, seu marido e Edemar Cid Ferreira, até então dono do Banco Santos, que quebrou quatro meses depois e passa por intervenção judicial até hoje. Afastado do banco, Edemar é íntimo da família Sarney. Foi padrinho de casamento de Roseana e Murad. Os documentos, obtidos pela reportagem com ex-diretores do Banco Santos, reforçam os indícios que a família Sarney sempre negou: que tem contas não declaradas no exterior.


Vânio Aguiar, o administrador judicial do Banco Santos, confirmou a veracidade dos documentos. Veja já havia feito esta denúncia em julho do ano passado:

Documentos arquivados no falido Banco Santos reforçam indícios do que Veja revelou com reportagem em julho de 2009: a família Sarney possui realmente contas no exterior. Há dois anos, VEJA teve acesso a dados do Banco Central, recolhidos por auditores e pela Polícia Federal, que mostravam que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), tinha dinheiro em contas abertas fora do Brasil. Toda a movimentação era controlada por Vera Lúcia Rodrigues, secretária de Edemar Cid Ferreira, banqueiro e controlador do Banco Santos, além de amigo íntimo de Sarney.

Aliados do PT, os Sarney já começam a contaminar a campanha de Dilma Roussef. Que logo tratou de tirar o seu da reta. A candidata ex-terrorista à presidência da República, afirmou neste domingo, que não pode se basear em notícias de jornal para eventualmente comentar acusações contra a governadora do Maranhão e candidata à reeleição, Roseana Sarney.

Até aí, nada de mais. De famiglia tão operosa, muito mais ainda se pode esperar. Não é de espantar que novas trapaças venham à tona. O que é de espantar é ver a Folha de São Paulo mantendo uma coluna de Sarney em página nobre. Não por acaso, o jornal não disse um pio sobre a denúncia do Estadão. No fundo, está dando sustentação ao capo de uma família mafiosa.

Mais dia, menos dia, a Folha terá de pautar o novo escândalo. Será uma tarefa espinhosa: como denunciar como corrupto um de seus colunistas? Enquanto isso, o jornal vai perdendo a credibilidade que um dia amealhou.