¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

quarta-feira, agosto 25, 2010
 
CORRESPONDENTE DE VEJA EM
PARIS DESCONHECE O FRANCÊS



A Web mexeu bastante com o jornalismo. Nos tempos pré-internéticos, os correspondentes no estrangeiro podiam plagiar à vontade, ninguém os flagrava. De um jornalista brasileiro, por exemplo, não se pedia cobertura alguma de nenhum fato. Ele simplesmente traduzia o noticiário local.

Os tempos mudaram. Naquela época pré-Internet o plágio corria solto. Se ainda é corrente nestes dias de Google e outros mecanismos de busca, imagine-se o que não seria quando jornais estrangeiros não chegavam no Brasil. Ou chegavam apenas poucos números em algumas capitais. Qualquer “correspondente” podia tranqüilamente traduzir Le Monde, Times, El País, e leitor algum ficava sabendo da cópia. Pelo contrário, o “correspondente” era tido como jornalista ágil.

Hoje é um pouco diferente. Pode-se conferir na rede a fonte dos artigos. Em fevereiro deste ano, denunciei um plágio de Antonio Ribeiro, o “correspondente” de Veja em Paris, de um artigo de Bill Saporito, da Time. Soube que os editores da revista tiveram notícias da denúncia, mas o “correspondente” continuou enviando impunemente suas matérias. Continua plagiando a gosto. Seus artigos não passam de transcrições do noticiário internacional. Ora, se é para traduzir o que está na rede, não é preciso postar ninguém em Paris. Faz-se a cobertura daqui mesmo.

O pior é que o "correspondente" em Paris não conhece francês. Vejamos um de seus últimos artigos:

"Devido ao endurecimento recente de medidas contra a imigração ilegal — em muito para agradar a base do eleitorado sarkozista — e do seu passado negro de deportações de judeus para os campos de concentrações nazistas, a França está na seleta. Mas as expulsões de ciganos não são nenhuma novidade francesa introduzida na Europa".

A França está na seleta. Alguém entendeu? Duvido. Deve ter lido "la France est sur la sellette" e traduziu por seleta. Ora, sellette é um pequeno banco de madeira sobre o qual se sentava o réu. A tradução correta seria: "a França está no banco dos réus".

Vai mal a Veja. E cada vez pior. Não bastasse o recórter tucanopapista hidrófobo e virtuose do cut & paste, tem em Paris um “correspondente” que desconhece o francês.