¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, abril 17, 2010
 
VATICANO AFUNDA
CADA VEZ MAIS



Quem dá explicação já perdeu a discussão, dizem as gentes. A reação das autoridades vaticanas às acusações de que Sua Santidade, cardeais e bispos acobertaram casos de pedofilia está ficando cada vez mais divertida. O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone – aquele que em fevereiro passado dizia ser necessário que os padres pedófilos reconhecessem suas culpas, “já que das provas pode chegar a renovação interior" – apresentou outra pérola à imprensa na segunda-feira passada, em entrevista coletiva durante visita a Santiago. Que a homossexualidade, e não o celibato, é a causa da pedofilia apontada por estudiosos.

"Muitos psicólogos e muitos psiquiatras demonstraram que não há relação entre o celibato e a pedofilia, mas muitos outros demonstraram que há relação entre a homossexualidade e a pedofilia", disse o desastrado cardeal, que não imaginava em que vespeiro metia a mão. Bertone – que quis dar uma aura de ciência à sua defesa do celibato – não cita quais psicólogos e psiquiatras fizeram tais afirmações. Reação indignada de todos homossexuais de todos os cantos do Ocidente. E até mesmo de Estados. Já na quarta-feira, a França condenava as declarações do cardeal, através de seu Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

"Trata-se de uma confusão inaceitável, que nós condenamos" – disse Bernard Valero, porta-voz do ministério, durante uma conferência de imprensa –. "A França recorda o seu compromisso firme na luta contra as discriminações e os preconceitos associados à orientação sexual e à identidade de sexo".

Recuo do Vaticano. Na mesma quarta-feira, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, disse que as declarações de Bertone se referiam ao problema dos abusos por parte dos sacerdotes na Igreja “e não à população em geral”. Fez ainda outra declaração insólita para uma autoridade vaticana, da qual já deve estar arrependido: "As autoridades eclesiásticas não se consideram competentes para fazer afirmações gerais de caráter psicológico ou médico, que cabem aos especialistas".

Ou seja: quando se trata de aborto, eutanásia, células-tronco, anticoncepção – assuntos da alçada de especialistas – a Igreja se considera competentíssima para fazer afirmações de caráter psicológico ou médico. Já na associação de homossexualismo com pedofilia, optou por recuar, data a grita geral provocada pelas declarações do cardeal Bertone. O Vaticano, na tentativa de explicar-se, afunda ainda mais em suas contradições.

Não bastassem estas idas e vindas no esforço de salvar a pele de Sua Santidade, ontem ainda a Associated Press fez um levantamento em 21 países, que revelou 30 casos de padres que, depois de sofrerem denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes, foram para outros países. Se isto não é acobertamento oficial de crimes, por parte do Vaticano, não sei como possa ser chamado.

Dois dos padres pedófilos sobraram para nós. Um deles, o padre xaveriano Mario Pezzotti, foi acusado nos Estados Unidos de abuso e de estupro, em 1993, em Massachusetts. O caso acabou num acordo indenizatório de US$ 175 mil. Para curar-se, o padre foi enviado ao Brasil, para trabalhar com ... crianças da tribo caiapó, no Pará. A raposa foi incumbida pela Igreja de cuidar do galinheiro.

O outro é o padre jesuíta Clodoveo Piazza, acusado pela Promotoria Pública de abuso e exploração sexual, em Salvador. Hoje vive serenamente em uma residência jesuíta em Maputo, Moçambique. Entre outros casos revelados pela AP, há um padre que confessou abuso em Los Angeles e foi transferido para as Filipinas, onde vive financiado pela igreja. Um padre condenado no Canadá foi transferido para a França, onde voltou a cometer abusos.

Enquanto isso, cândidas alminhas acham que ateus e comunistas estão conduzindo uma campanha insidiosa contra a Igreja e o papa, para solapar os valores do Ocidente. Ora, não consta do que quer que se possa chamar de valores do Ocidente o abuso e estupro de crianças. Isto é prática generalizada dos padres da Igreja de Roma.

Tanto que o Vaticano os protege e sustenta.