¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, março 21, 2010
 
BENTO CONVIDA CRISTANDADE
A PERDOAR PADRES PEDÓFILOS



Nestes dias em que uma colunista da Folha de São Paulo já propõe uma estátua ao santo bispo Glauco, cartunista drogado do jornal e detentor de uma franquia dessa vigarice chamada Santo Daime, bem que gostaria de mudar de assunto. Mas o Bento não me deixa mudar de assunto. Após seu pronunciamento anódino sobre os padres pedófilos da Irlanda, Sua Santidade volta a proferir sandices.

No Angelus deste domingo, proferido na praça São Pedro, pediu “perdão para o pecador, intransigência com o pecado”. Está se referindo aos abusos sexuais dos ministros da Igreja irlandesa. Pelo jeito, não entra no bestunto pontifício que pedofilia não é uma questão de pecado. Pedofilia é crime. Pecado se perdoa com um ato de contrição, três pais nossos e dez aves marias. Crime se pune com cadeia. Ao acobertar pedófilos, tanto João Paulo II como Bento XVI livraram seus sacerdotes da Justiça penal.

Em sua primeira homilia após a pastoral em que manifestou suas desculpas esfarrapadas pelas vítimas do clero irlandês, Bento evocou aquela passagem dos evangelhos em que Cristo diz: “quem estiver livre de pecado, que atire a primeira pedra”. No que a mim diz respeito, se nutrisse algum ódio por adúlteras, levaria um saco de pedras. Porque pecado é coisa de quem crê na noção de pecado. Como não creio, não tenho pecado algum. Sou um santo homem, pronto para a canonização. Pena que tampouco creio em santos.

Por outro lado, Sua Santidade deixou de lado uma safadeza do Cristo. Ele centra seu perdão na adúltera. Culpada é a mulher. Sobre com quem ela pecou, nenhuma palavrinha. Para Cristo, em caso de adultério, só a mulher peca.

“Temos que aprender a ser intransigentes com o pecado, começando pelos nossos, e indulgentes com as pessoas” – acrescentou – convidando os fiéis a “aprender de Jesus e não julgar e condenar o próximo”. Ora, neste “indulgentes com as pessoas” há um convite explícito a perdoar os padres pedófilos. Por outro lado, desde há muito venho desconfiando que Bento não leu com atenção a Bíblia. Muito menos o Apocalipse: “Depois vi um grande trono branco e aquele que nele estava assentado… Vi também os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e… os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava registrado nos livros".

As pessoas cujos nomes não estiverem no Livro da Vida receberão o castigo eterno. Já está em Mateus: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna. O julgamento se repete no Apocalipse: "E aquele que não foi achado escrito no Livro da Vida foi lançado no lago de fogo". Mais ainda: “Quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte".

Se isto não é julgamento, que será então? Quem vem para julgar? O Cordeiro. Quem é o Cordeiro? É Cristo ressuscitado, é o Senhor dos Senhores, o Rei dos Reis. Não há indulgência com pecador algum. Pecadores vão todos para o lago que arde com fogo e enxofre.

O que só confirma minha antiga suspeita, que Bento não tem familiariade alguma com os textos sagrados. O papa está negando nada menos que o Juízo Final. No que depender de Sua Santidade, ao arrepio do Livro, todo padre pedófilo será poupado do lago que arde com fogo e enxofre.