¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, dezembro 23, 2009
 
JUDEU NÃO CONDENA
GENOCIDAS JUDEUS



Leio nos jornais que o Congresso Judeu Mundial (CJM) considerou "inoportuno e prematuro" o projeto do Vaticano de beatificar Pio XII, papa de 1939 a 1958 que é acusado de omissão durante a perseguição aos judeus na Segunda Guerra Mundial. No sábado passado, Bento XVI nomeou Pio XII e João Paulo II como "veneráveis", o que abre caminho para beatificação e possível canonização. Segundo Ronald Lauder, o presidente do CJM, "enquanto se mantenham fechados os arquivos do papa Pio XII datados do período crucial de 1939 a 1945 e não haja um consenso sobre sua ação - ou inação - ante a perseguição de milhões de judeus durante o Holocausto, uma beatificação é inoportuna e prematura". Lauder considera ainda que "embora seja de competência única da Igreja Católica decidir a quem se outorgam as honrarias religiosas, há grande preocupação sobre o papel político do papa Pio XII durante a Segunda Guerra Mundial que não deveria ser ignorado".

Ora, Pio XII é um santo homem, se comparado a outros papas, que foram devassos, assassinos e torturadores. Pio XII foi apenas omisso, como omissos foram muitos outros chefes de Estado ante a matança de judeus por Hitler. Há uma história que gosto de contar e recontar, já que ninguém a conta.

Era uma bela tarde do ano da graça de 1385. Sua Santidade o papa Urbano VI passeava inquieto pelos jardins do castelo de Nocera, na Itália. Por mais que aguçasse os ouvidos, não ouvia a música que gostaria de ouvir. Naquele ano, seis cardeais foram acusados de conspirar contra Sua Santidade. Que, incontinenti, os jogou numa cisterna do castelo em que habitava. A cisterna era tão estreita que o cardeal di Sangro, grande e corpulento, não podia nem mesmo se espichar. Foram aplicados a estes infortunados todos os métodos postos em honra pela Inquisição.

Quando se tratou do cardeal de Veneza, Sua Santidade confiou o trabalho sujo a um antigo pirata, que ele havia nomeado prior da Ordem de São João, na Sicília, com a ordem de aplicar a tortura à vítima até que o papa ouvisse seus berros. O suplício durou desde a manhã até a hora da janta. Durante este tempo, Sua Santidade passeava no jardim, sobre a janela da câmara de tortura, lendo seu breviário em alta voz, de maneira que o som de sua voz lembrasse ao executor as ordens que ele lhe havia dado. Mas foi em vão que o pirata apelou aos recursos da polé e do cavalete. Embora a vítima fosse idosa e enferma, só foi possível extrair dela um único grito: "Cristo sofreu por nós".

Se Lauder quer impedir a canonização de Pio XII, melhor pedisse antes a cassação de São Luís do hagiológio católico. Nos primórdios do século XIII, Luís IX de França ordenou a expulsão de todos os judeus envolvidos em actividades de usura e assim pôde confiscar as riquezas destes para financiar os seus projectos. Não contente de roubar dos judeus seus bens, em 1242, ordenou a queima dos exemplares do Talmud em Paris. Foi ainda nazista avant la lettre quando, em 1269, seguindo uma recomendação do Quarto Concílio de Latrão, de 1215, impôs aos judeus a obrigatoriedade de usarem sinais vestimentares distintivos. Para os homens, uma estrela amarela ao peito. Para as mulheres um chapéu especial. A intenção era identificar os judeus para evitar relações entre eles e católicos. É hoje santo da Igreja e mais conhecido como São Luís. Foi, sem dúvida alguma, um santo homem.

Mas não é preciso revisar a história da igreja de Roma para buscar assassinos e torturadores. Eles estão lá no livro sagrado do judaísmo. Para começar, Moisés, o guia e libertador dos judeus, mandou degolar três mil dos seus. E nunca vi autoridade alguma de Israel condenando este gesto de Moisés. Aliás, foi este mesmo santo líder que matou todos os reis de Madián - Evi, Requem, Sur, Jur e Rebá - mais Balaam, filho de Beor e todos os varões madianitas.

O levita de Efraim partiu uma concubina em doze pedaços e os enviou a doze tribos. O santo rei Davi mandou matar um de seus generais, Urias, para ficar com Betsabá, sua mulher. Isso sem falar que entregou a vida de setenta mil homens a Jeová, como castigo por ter organizado um censo não aprovado por Jeová. O rei Asa, de Judá, massacrou um milhão de etíopes com o apoio de Jeová. Israel entrou na cidade de Jericó, matando homens e mulheres, crianças e velhos, bois, cordeiros e burros, sob as ordens de Jeová. Foi o mesmo Israel que assassinou todo o povo amalecita, por ordem de Jeová.

Foi este mesmo Jeová que mandou separar 32 mil virgens madianitas feitas prisioneiras - para uso dos israelitas, é claro - após ter assassinado todas as que não eram virgens. Absalão, filho do santo rei Davi, violentou dez mulheres em praça pública, como sinal de enfrentamento com seu pai. Amnon, outro filho de Davi, estuprou Tamar, sua irmã.

O sábio rei Salomão forçou à escravidão todos os que não eram israelitas para construir o famoso templo de Jerusalém. O Altíssimo permitiu que Josué matasse três mil hebreus, só porque um deles ficou com parte do botim saqueado por Josué e sua horda de assassinos. Jehú mandou degolar 42 homens na cisterna de Bet-Equed. Moab Ehud mandou matar dez mil homens na montanha de Efraim. O santo profeta Elias mandou degolar 450 sacerdotes de Baal. Foi ainda Jeová quem ordenou a matança de 24 mil israelitas, só porque estes coabitavam com as mulheres de Moab.

Jamais li texto de rabino ou autor judeu condenando os massacres de Moisés, Davi ou Josué, todos executados por ordem – ou com a complacência – de Jeová. Pelo contrário, os veneram como santos patriarcas. Que autoridade têm os filhos de Israel para condenar a humana covardia de um papa que, bem ou mal, não roubou os bens dos judeus, nem teve suas mãos manchadas com sangue?