¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, setembro 17, 2009
 
TÁ TUDO DOMINADO


As viúvas do Kremlin estão monopolizando as eleições de 2010. Mês passado ainda, eu afirmava que todos os eventuais candidatos à Presidência da República são de extração marxista. José Serra, que hoje posa de tucano liberal, foi um dos fundadores da Ação Popular (AP), um dos braços marxistas da Igreja Católica. Dilma Roussef, hoje petista, foi terrorista dos quadros do COLINA e da VAR-Palmares. Já Ciro Gomes, que declarava em meados de agosto estar pessoalmente decidido – “eu já escolhi. Sou candidato à Presidência” – fez percurso inverso. Iniciou sua carreira na Aliança Renovadora Nacional, a famigerada Arena que deu sustentação à ditadura militar, girou bolsinha no PPS, atual nome de guerra do antigo Partido Comunista Brasileiro e hoje faz ponto no PSB, também de origens marxistas.

O Supremo Apedeuta certamente não lê blogs, mas até parece ter lido. “Pela primeira vez, não vamos ter um candidato de direita na campanha. Não é fantástico isso? Vocês querem conquista melhor do que, numa campanha, neste país, a gente não ter nenhum candidato de direita? Uns podem não ser mais tão esquerda quanto eram. Não tem problema. A história e a origem dão credibilidade para o presente das pessoas. Era inimaginável até outro dia que chegássemos a esse momento no Brasil. Não tem um candidato que represente a direita. É fantástico”.

É uma maneira de ver a coisa. O que Lula omite é que todos são, de uma forma ou outra, ligados à filosofia que afundou no final do século passado. Só neste Brasil que sempre vai a reboque da História o eleitor não terá, ano que vem, opção: ou vota em velhos comunistas ou vota em um comunista novo. Ao afirmar que é fantástico não ter nenhum candidato de direita, Lula está assumindo seu viés totalitário. É o antigo braço do Dr. Strangelove, que se ergue em movimento involuntário, na saudação nazista. Em uma democracia, o normal é que haja candidatos de todas as ideologias. Nas eleições de 2010, teremos representantes de uma ideologia só. Tá tudo dominado. Blanc bonnet, bonnet blanc - como dizem os franceses. O eleitor terá de optar entre seis e meia dúzia.

“Antigamente – prossegue o êmulo de Castro e Hugo Chávez - a campanha era o candidato de centro-esquerda ou de esquerda contra os trogloditas de direita. Começou a melhorar já comigo e com o Fernando Henrique Cardoso, já foi um nível elevado. Depois, eu e o Serra também. Depois veio o Alckmin e baixou o nível, por conta dele, não por minha conta”.

Fernando Henrique ou Serra, em suas campanhas, jamais ousaram dizer uma palavrinha contra Lula. Como Alckmin fez algumas críticas a Lula, logo é jogado no rol dos trogloditas de direita. Neste sentido, Lula demonstra sua profundidade identidade com o senador corrupto. Para Sarney, se a imprensa o critica, é inimiga das instituições. Tanto um como o outro sonham com o paraíso de todos os tiranos: um país onde não haja oposição nem dissidência alguma. O pior é que, ao que tudo indica, acabamos de chegar lá.

Que Ciro, Dilma ou Marina não façam oposição a Lula até que se entende. São gatos do mesmo saco. Mas Serra, que se apresenta como o mais viável candidato à sucessão, bem que poderia ousar criticar os desmandos e abusos do poder do PT. Mas Serra não ousa. Nenhum candidato ousaria. Ou seja, oposição no Brasil é conversa pra boi dormir.

É a mexicanização da política no Brasil. Após a Revolução de 1910, o México foi governado durante sete décadas por um único partido, o Partido Revolucionário Institucional, o PRI. Sob a aparência de democracia, durante sete décadas o México viveu uma ditadura. Este é o sonho de todo marxista. Tanto que as ditaduras do mundo soviética adoravam apresentar-se como “democracias populares”. Filhos espirituais de Marx, os petistas não pensariam diferente.

Os intelectuais que assinaram manifesto contra a Folha de São Paulo por ter definido o regime militar como uma ditabranda, ainda não perceberam o que seja uma ditabranda. É o que estamos vivendo. Anátema seja toda crítica ao Grande Guia. O Judiciário e o Legislativo já foram domesticados. Só resta a imprensa para denunciar os desmandos e a corrupção. Mas tanto faz como tanto fez que jornais denunciem corruptos. O Judiciário e o Legislativo os absolvem.

E ainda há quem me reprove por ter deixado de votar há mais de duas décadas.