¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, setembro 24, 2009
 
BOLCHE DESMENTE BOLCHE


Uma mentira, quando envolve vários mentirosos, tem de ser bem combinada. Ou então acontece o que está acontecendo. Interrogado pela Folha de São Paulo se foi Hugo Chávez quem planejou a volta de Zelaya a Honduras, diz o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia:

- Não acredito. Escuta, um sujeito que foi presidente da República, que tem o prestígio que ele tem em Honduras... Pela madrugada! Se não tiver esquema, é melhor ficar em casa. Ele certamente tem um esquema suficientemente forte para mobilizar pelo menos metade dos hondurenhos. Que esquema teria o Chávez? Não, não, isso foi obra dos próprios hondurenhos.

O repórter da Folha insiste: não é difícil de acreditar que o Zelaya fez tudo sozinho, chegou lá, bateu na porta da embaixada e foi entrando? Garcia não abre mão de sua tese:
- Zelaya é muito mais esperto do que alguns querem fazer pensar, com muita independência, com muita personalidade.

Hoje mesmo, Hugo Chávez sentiu necessidade de desmentir seu fanzoca incondicional. Em reportagem do Estadão, o presidente venezuelano afirma que "sabia de tudo" sobre a volta do presidente deposto de Honduras ao país e, mais ainda, afirmou ter ajudado a "despistar" as autoridades sobre o paradeiro de Zelaya, enquanto o hondurenho realizava a viagem de retorno a Honduras. Para ajudá-lo, Chávez disse ter telefonado para o hondurenho em um telefone que estaria grampeado. "Eu liguei, como sei que estão nos gravando por satélite, e disse: Zelaya, nos vemos em Nova York".

Ainda segundo o jornal, uma fonte da chancelaria da Venezuela confirmou à BBC Brasil que era um avião venezuelano que transportava Zelaya. De El Salvador, segundo Chávez, Zelaya teria entrado em Honduras "por terra" dentro do porta-malas de um carro, acompanhado por outros três homens.

Como fica o assessor internacional da Presidência, desmentido pelo próprio parceiro que defende? A mentira sempre foi uma segunda natureza nos comunistas, disto todos sabemos. Garcia deve ter saudades daqueles bons tempos em que os camaradas eram bem mais unidos. A mentira era previamente combinada e bolche não desmentia bolche. Os tempos mudaram.