¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, janeiro 30, 2008
 
ALEGRIA DE POBRE DURA POUCO



A Polícia Federal acaba de editar um manual de operações para disciplinar suas ações do órgão. O novo manual reforça o uso de algemas como “regra de segurança”, mas veta a exposição de presos, sob pena de punição disciplinar ao policial infrator. Ora, neste país onde impera a impunidade, particularmente quando os criminosos são políticos, magistrados ou empresários, a única alegriazinha – fugaz, é verdade – que restava ao povão era ver os distintos senhores escondendo suas algemas com casacos ou blusas cobrindo os pulsos.

Verdade que era precaução exibicionista por parte da polícia. Algemar um traficante ou qualquer outro criminoso jovem e forte faz sentido. Mas velhotes gordos e corruptos, que sequer teriam energia para correr dez metros ou dar um soco, é evidente exagero. De qualquer forma, ver um Fábio Maluf ou um Jader Barbalho algemados sempre fez bem à psique nacional. A Polícia Federal acaba de nos roubar estes raros instantes em que parecia que justiça estava sendo feita. Digo parecia, porque se contarmos nos dedos os criminosos ricos ou poderosos que estão na cadeia neste país vai sobrar um monte de dedos.

Também alegrava ver um político sendo jogado num camburão. Esta alegriazinha vai terminar também. “A algema é o símbolo do Estado exercendo seu poder de prisão, mas o sucesso da PF não deve ser marcado pela imagem de alguém sendo jogado num camburão”, disse alta autoridade da Polícia Federal. Consta que estas novas determinações decorrem das preocupações do Sumo Apedeuta, em junho passado, pelo fato de que a PF estaria vazando informações para jornais sobre o suposto envolvimento de seu irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, num esquema de lobby.

Melhor prevenir que remediar. Mas o país fica mais triste a partir de hoje.