¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, setembro 28, 2007
 
AINDA O MARXISMO NA EDUCAÇÃO




Caro Janer,

Não é de agora que a educação brasileira - não só na área das chamadas ciências sociais - é pautada pelo marxismo. Isso é coisa antiga. O que tivemos, mais recentemente (últimos trinta anos), foi um predomínio do marxismo e a exclusão das demais "teorias". Mas isso não representou uma ruptura metodológica, pois a construção imaginária central, a idéia que o Brasil tem de si mesmo, já vinha de muito tempo e foi mantida - "agora sob nova direção". O marxismo apenas "modernizou" um discurso velho.

Não é um acidente o fascínio que a intelligentsia brasileira sente pelo marxismo. Muito antes de se tornar marxista, o Brasil sempre foi anticapitalista, na medida em que o capitalismo só prospera, de fato, onde encontra uma certa ética do trabalho e onde a liberdade individual é um valor respeitado. O Brasil ama o Estado e abomina a livre-concorrência. Controlar, vigiar, traçar limites (sempre tendo o outro como objeto) são paixões que nos acompanham desde a Descoberta. A riqueza "exagerada" constitui para nós uma afronta - e só pode ser fruto do roubo, da pirataria. Os pobres são pobres porque foram pilhados pelos ricos. Muito antes que o marxismo desembarcasse em terras brasileiras, o catolicismo e, mais tarde, o positivismo já haviam lavrado profundamente nossa alma e nos haviam convencido das vantagens do anti-individualismo e do planejamento de toda a vida social. Estávamos preparados para desconfiar dos que pretendem se diferenciar do rebanho e para desejar que nossa vida fosse objeto da mais completa regulamentação, de modo a impedir que o acaso, a imprevidência, a sorte, etc., pudessem de algum modo interferir no planejamento estatal, pois só o Estado Racional e Benfeitor poderia assegurar a felicidade para todos.

O marxismo completou essa obra imemorial emprestando-lhe "profundidade filosófica" e fornecendo-lhe um discurso "moderno" que satisfazia nosso fascínio pela última moda. Na verdade, porém, "praticar" o marxismo e filosofar em alemão foi apenas a maneira "bacana" que encontramos de preservar tradições ancestrais. Para se instalar entre nós, o marxismo teve que se curvar às exigências da "alma brasileira". Abriu mão de qualquer rigor teórico, perdeu o gume "radical" e deixou-se absorver numa pasta informe de estatismo, anti-individualismo, populismo, teologia da libertação, terceiromundismo, etc. Assim como o getulismo não era fascismo, também o petismo não é marxismo. É só um destilado daquelas influências.

A rigor, é isso - petismo, lulismo, terceiromundismo - que se ensina hoje nas escolas. Um pasta ideológica de quinta categoria. Mas com séculos de tradição...

Abraço.

Odilon Toledo