¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, junho 30, 2007
 
MAIS UMA VEZ, BRASIL
INOVA ENTRE AS NAÇÕES




A situação nos aeroportos piora; atrasos atingem 45,2% dos vôos - diz o noticiário on line de hoje, sábado. Segundo balanço da Infraero, os atrasos atingem 45,2% (639) dos 1.411 vôos registrados a partir das 0h de hoje. Foram registrados 178 cancelamentos (12,6% do total) em toda rede administrada pela estatal. O levantamento corresponde a atividade nos terminais da 0h às 19h30 deste sábado. O boletim aponta ainda que 84 vôos permaneciam com atrasos por volta das 19h30. Em Congonhas, os passageiros fizeram até passeata pelos corredores do aeroporto em protesto contra caos aéreo que há quase um ano perturba o país.

Na edição da Folha de São Paulo de amanhã, domingo, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, arrota autoridade:

- Tenho convicção de que não haverá apagão aéreo nas férias, porque estamos com todos os nossos controladores de vôo trabalhando com dedicação e profissionalismo. Além disso, providenciamos reforços, até para aliviar a carga deles, e tomamos medidas em termos de tráfego aéreo que estão dando bons resultados. O povo brasileiro pode tirar suas férias e viajar de avião, tranqüilamente, sem susto. Hoje mesmo, a situação é de absoluta normalidade.

As férias do tal de povo brasileiro, começaram hoje, sábado. A entrevista do brigadeiro sairá amanhã na Folha, mas foi concedida hoje. Chamar de "absoluta normalidade" o atraso de 45,2% dos vôos é um acinte aos leitores e ao público em geral. Para fingir que não está ocorrendo um motim, as autoridades militares atribuem os atrasos ao mau tempo. Ora, os atrasos estão ocorrendo nos treze principais aeroportos do país e não é concebível que em treze aeroportos deste país esteja fazendo mau tempo.

Não só o Congresso nacional está desmoralizado, mas também as Forças Armadas. Que se podia esperar? Se as Forças Armadas aceitaram passivamente a promoção de um desertor a general – promoção decretada por civis – por que não aceitariam inocentes motins que só atrapalham a vida desses milhões de passageiros que precisam viajar? Num futuro não muito distante, quem sabe os sargentos amotinados não receberão uma gorda indenização por suas heróicas atitudes? Chez nous, nunca se sabe.

Mais uma vez o Brasil inova ante o concerto das nações. É o único país do mundo onde insubordinação militar faz parte da rotina nacional.