¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

quinta-feira, dezembro 14, 2006
 
A TERRA VISTA DOS CÉUS



Comprei ontem um belo livro, na Fnac da avenida Paulista. Só por gula. Não é livro que vá ler tão cedo, talvez nem o leia nunca. Comprei pelas fotos. A Terra vista dos céus, de Yann Arthus-Bertrand, Forlaget Jorden, Copenhague, 2004. Já havia visto esta exposição no parque Luxembourg, em Paris. Também havia visto o livro nas livrarias do Bd. Saint Michel. Mas suas dimensões me afastaram de qualquer veleidade de comprá-lo.

Todos as fotos são feitas do alto. Se você quiser ter a mesma visão do fotógrafo, terá de estar voando. Caravanas percorrendo as curvas suaves das dunas no Sahara, vinhedos em Lanzarote, o coração de Voh na Nova Caledônia, a lavagem de roupa em uma lagoa na Costa do Marfim, um cemitério de bombardeiros no Arizona, um meteoro (monastério) encarapitado em um rochedo na Grécia, Veneza, Gamla Stan (em Estocolmo), um inusitado ângulo da pirâmide do Louvre, campos de papoula na Holanda, glaciares, crateras e vulcões, o fascinante traçado de Yellowstone, o templo de Abu-Simbel no vale do Nilo, um mercado de tapetes no Marrocos, Stonehenge e o Taj Mahal, o estranho minarete da grande mesquita de Agadez, no Niger, a fantástica cidade de Petra, na Jordânia, insólitas aldeias africanas, os desenhos das lavouras no planetinha, os rabiscos indecifráveis de antigas culturas nas montanhas. Ao passar os olhos por estas fotos belíssimas, o leitor mais chegado à literatura não consegue deixar de pensar no ponto Aleph, do Borges.

O livro traz a sugestão de uma viagem impossível. Haja grana para sobrevoar tantas paisagens. Além disso, o prazer é efêmero. E atenção: o volume, em papel couché, mede 30 cm x 38 cm, tem 460 páginas e pesa cerca de seis quilos. E custa 321 reais. Só compre se for guloso e não estiver com dinheiro contado.