¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, novembro 14, 2006
 
TRISTE PORTO



Em Porto Alegre, revisito minha universidade. Não a UFRGS, mas a Praça da Alfândega e a Rua da Praia. Estas foram minhas verdadeiras universidades, foi lá que, madrugadas adentro, conheci os melhores autores e as mais importantes bibliografias. Girávamos pela noite discutindo o homem e o mundo, até as madrugadas. Lembro-me de uma noite em que discutíamos esse nó górdio, a mulher. Lá pelas tantas, vi pombas passeando na calçada. Epa! Pomba não perambula na noite. Dei-me então conta de que já havia amanhecido.

Encontrei a praça tomada pela Feira do Livro, que assumiu proporções gigantescas. Aquela feira quase íntima dos anos 70 já era. Quanto à Rua da Praia, arrasada, infestada por um peculiar lixo humano. Bem entendido, não é de hoje que os camelôs tomaram conta da rua. A história vem de bem longe, de 16 anos de administração do PT, este partido especializado em destruir cidades. E é possível que venha de mais longe ainda. A deterioração dos centros urbanos tornou-se regra no Brasil, independentemente de partidos.

A Rua da Praia era a rua elegante de Porto Alegre, onde as mulheres exibiam seus melhores adereços para desfilar e serem paqueradas. Era um momento de charla, prazer e ócio. Hoje virou um mercado persa. Os portoalegrenses que adoravam o centro se afastaram para bairros distantes. E há pessoas que não vão ao centro há mais de dez anos.

Dói lembrar de Porto Alegre. Teimoso, me hospedo no centro. Mas o centro em que um dia fui feliz já não existe.