¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, setembro 26, 2006
 
JOSIPH VISSARIONOVITCH DJUGATCHIVILI



Se você nada conhece de Josiph Vissarionovitch Djugatchivili, nada entendeu da história recente. Este senhor, conhecido também por Koba ou Stalin, "o de aço", matou mais que Hitler e só não conseguiu matar mais que Mao. Houve época em que não era fácil encontrar uma biografia de Stalin no Brasil. A primeira biografia importante, a de Boris Souvarine, escrita originalmente em francês e editada em Paris em 1939, jamais chegou até nós. Consta ter existido uma tradução em russo, editada em único exemplar, para uso exclusivo de Stalin. Ignora-se o destino do tradutor.

Outra importante biografia, a de Adam B. Ulam, em dois volumes e editada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1973, tampouco chegou até nós. Tive acesso a elas porque vivia em Paris. Este ano temos nas livrarias brasileiras pelo menos três biografias do ditador georgiano, a do britânico Simon Sebag Montefiore e a dos irmãos russos Roy e Zhores Medvedev e a de Isaac Deutscher.

Estou lendo a de Montefiore, Stálin - a corte do czar vermelho, 860 pgs, Companhia das Letras, tradução de Pedro Maia Soares. Editada originalmente em 2003, esta biografia é trabalho invejável de um jovem pesquisador (o autor nasceu em 1965), que narra o dia-a-dia, cada frase, cada gesto de Stalin. Montefiore parece ser um observador onisciente e onipresente. O livro é lido com o sabor de um romance. Com um detalhe: os horrores nele narrados - com fria objetividade - nada têm de fictícios.

É leitura que recomendo vivamente, particularmente aos jovens, em especial àqueles que nunca ouviram falar de Stalin. Sem Stalin não se entende o século passado.

Observação: o tradutor, ao referir-se aos cortesãos, seguidamente recorre à expressão cu-de-pedra, que não consigo encontrar em nenhum dicionário brasileiro ou português. Encontrei-a em espanhol, culo de piedra, onde quer dizer nádegas duras. Ao que tudo indica, o tradutor traduziu a partir do espanhol e deixou-se enganar pelo som das palavras. Talvez quisesse dizer - suponho - cu-de-ferro.