¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, agosto 11, 2006
 
A SENADORA QUE LADRA



Se você tem algum contato com algum petista, conhece seus métodos de discussão. Um deles é o já folclórico argumento brandido por José Genoíno, quando flagrado por sua participação do caso dos dólares nas cuecas: "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra". É argumento de validade universal e serve para rebater qualquer comparação. Os petistas acusam Geraldo Alckmin e José Serra de terem abandonado seus cargos para disputar eleições. Digamos que você objete que Palocci também abandonou a prefeitura para ser ministro. E lá vem o argumento universal: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não quer dizer nada. Mas soa como resposta para pessoas não habituadas a pensar - e estas são a maioria. Como se, para responder a alguém, bastasse juntar algumas palavras e jogá-las com veemência na cara do interlocutor. Os arrazoados não precisam ter sentido algum. O que importa é o ar indignado do petista.

Outro recurso bastante comum é ganhar no grito. Ou seja, bombardear o interlocutor com uma lista infindável de argumentos que vão se encadeando uns aos outros e, ao final da resposta, situam-se a milhas de distância da questão inicial. Este recurso tem ainda a vantagem de não dar ao interlocutor oportunidade de revidar. E, se revidar fosse, o cerne da discussão há muito saiu de foco. Se você não convive com petistas, teve a chance de assistir a uma destas perfomances no debate de terça-feira passada, no Jornal Nacional, com a senadora Heloísa Helena, do PSOL, candidata-cacareco à Presidência da República.

Oriunda do PT, a senadora perdeu a sigla mas não os cacoetes. Eludia as perguntas e delas se distanciava. E - o mais tipicamente petista - falava pelos cotovelos, não dando aos entrevistadores a menor chance de objeção. Verdade que William Bonner e Fátima Bernardes poderiam também ter elevado a voz. Mas não a elevaram e fizeram o papel de dois marionetes servindo de contraponto à candidata comunista.

Se você acha que isto é malandragem tupiniquim, engana-se rotundamente. É velha técnica dos comunistas, em todos os cantos do planeta. Em Oriana Fallaci intervista sé stessa - que jamais será traduzido no Brasil -, a autora se queixa desta estratégia:

"Para começar, como é possível que nos debates televisivos os comunistas não deixem falar o adversário? (...) Mal o adversário abre a boca, o interrompem. E se apesar de tudo o silenciado continua falando e reivindica o direito a dizer o que pensa, elevam sua própria voz como cachorros que ladram. 'Perdão, é a minha vez. Eu não te interrompi, portanto deixa-me responder'. Mas o outro continua ladrando inexoravelmente. Sem que o moderador o impeça, posto que noventa por cento dos apresentadores televisivos jogam no time dos calções e camisetas vermelhas. Todos. Inclusive os dos canais que pertencem a Berlusconi".