¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, junho 21, 2005
 
O GRANDE HUMANISTA
(in memoriam)
Se vivo estivesse, Jean-Paul Sartre comemoraria hoje cem anos. Segundo sua biógrafa Annie Cohen-Solal, em artigo no Le Monde, Sartre é hoje considerado na França um anátema, símbolo de impostor ou pensador antiquado, enquanto que em países como os EUA sua "mensagem continua sendo um instrumento de referência para decifrar sua época". Os franceses precisaram de um quarto de século após sua morte para perceber o grande embuste que exportaram ao mundo. Os ianques ainda não chegaram lá. O Brasil muito menos. Nossos jornais - sempre à reboque do que se pensa na Europa - dedicaram cadernos inteiros ao filósofo alcoólatra e defensor de massacres.
Em homenagem à data, reproduzo algumas frases do ilustre humanista.

"Um regime revolucionário tem de se desembaraçar de um certo número de indivíduos que o ameaçam, e não vejo outro meio de fazer isso senão a morte. Da prisão, sempre se pode sair. Os revolucionários de 1793 provavelmente não mataram o bastante".

"Abater um europeu é matar dois coelhos de uma só cajadada, suprimir ao mesmo tempo um opressor e um oprimido; restam um homem morto e um homem livre".

Em 1954, ao voltar de Moscou - onde tomou um porre que lhe valeu dez dias de hospital - o lúcido pensador declarou ao jornal parisiense Libération:
"A liberdade de crítica é total na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. E o cidadão soviético melhora sem cessar sua condição no seio de uma sociedade em progressão contínua. Exceto alguns, os russos não têm muita vontade de sair do país... não têm muita vontade de viajar neste momento. Têm outra coisa a fazer em casa".
"Lá por 1960, antes de 1965, se a França continua estagnada, o nível médio de vida na URSS será de 30 a 40% superior ao nosso. Qualquer que seja o caminho que a França deve seguir para sair de seu imobilismo, para recuperar ser atraso industrial, para se constituir como nação diferente da de hoje, ele não pode ser contrário ao da União Soviética".