¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, outubro 10, 2004
 
IMBECIS INTELECTUAIS

Não resisto a transcrever entrevista feita por Jamie Glazov, em 08 de outubro de 2004, com Daniel J. Flyn, autor de Imbecis Intelectuais: Como a Ideologia Faz Pessoas Inteligentes Apaixonarem-se por Idéias Estúpidas, transcrita em http://www.midiasemmMascara.org

Título original, que pode ser comprado neste link: Intellectual Morons : How Ideology Makes Smart People Fall for Stupid Ideas.

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FP: Sr. Flynn, bem-vindo ao Frontpage.
Flynn: Sou leitor do Frontpage e é um prazer estar aqui.


FP: O que o motivou a escrever este livro? Em geral, o que o levou a se interessar pela Esquerda e sua mentalidade?
Flynn: Meu objetivo ao escrever Imbecis Intelectuais é fazer com que mais pessoas pensem com seus cérebros ao invés de pensarem com suas ideologias.
A série interminável de escândalos envolvendo intelectuais que racionalizam de forma desonesta a serviço de uma causa - Rigoberta Menchu, Betty Friedan, Michael Bellesiles, etc. - motivou-me a escrever o livro. Uma coisa é vendedores de carros ou políticos mentirem. É um tipo de marca registrada de suas atividades. Mas a missão de um intelectual é buscar a verdade. Infelizmente, entre os intelectuais, a verdade foi para segundo plano em favor das agendas políticas.
Meu interesse específico na Esquerda vem do desinteresse geral que a Direita tem pela Esquerda. Além dos conservadores que no passado foram de Esquerda - como o editor deste site - não há muitas pessoas na Direita que realmente conheçam a fundo a Esquerda. Imbecis Intelectuais vacina os leitores para que não sejam engolidos por ideologias e lhes dá um melhor entendimento sobre Marcuse, Foucault, Derrida, Chomsky e outras figuras de grande influência.


FP: Se é possível dizer tudo isso de forma tão resumida, por que pessoas supostamente inteligentes caem nas garras de idéias estúpidas?
Flynn: A idéia principal por trás de Imbecis Intelectuais é que as ideologias agem como camisas-de-força intelectuais. Elas cegam seus partidários para a realidade, geram fanatismos e racionalizam desonestidades. Transformam pessoas inteligentes em idiotas.
Se você não usar seu cérebro, não importa o quão inteligente você seja. Pessoas inteligentes não são necessariamente pensadoras rigorosas. Na verdade, muitas delas são mentalmente preguiçosas. As ideologias dão às pessoas preguiçosas respostas a questões, idéias, pessoas e eventos sem precisar pensar. Para o ideólogo, a ideologia serve como uma Pedra de Rosetta para tudo. Por que pensar, se o sistema dá todas as respostas? As ideologias são atraentes para as pessoas inteligentes porque as ideologias as lisonjeiam, insinuando que uma única idéia advinda da mente de um intelectual tem o poder de explicar toda a História ou compreender os problemas de nações inteiras. Nenhum indivíduo é assim tão inteligente; nenhuma idéia é assim tão boa.


FP: Como o senhor acha que o escândalo Rathergate se encaixa na tese do seu livro?
Flynn: Meu livro mostra como as ideologias repelem o bom senso entre os intelectuais. O escândalo Rathergate mostra como as ideologias repelem o bom senso entre os jornalistas. O padrão é o mesmo. Os atores são diferentes.
Como um órgão de imprensa daquele tamanho, com recursos tão grandes e mão-de-obra tão farta, pôde deixar passar algo que bloggers independentes conseguiram identificar quase que instantaneamente? A resposta é que a CBS foi cegada pela ideologia. Os documentos da CBS que mostravam as autoridades da Texas Air National Guard (Guarda Aérea Nacional do Texas) sendo pressionadas para limpar a ficha do presidente George W. Bush eram tão reais quanto Harry Potter. Rather & Cia acreditaram que os documentos era reais porque eles queriam acreditar que os documentos eram reais. Se eles tivessem em mãos informações prejudiciais a John Kerry, teriam agido de forma muito mais cuidadosa. Se a reação de Dan Rather - ficar na defensiva, fazer pouco caso dos oponentes, evitar as acusações - é mais adequada a um militante político do que a um jornalista objetivo é porque Dan Rather é mais um militante político do que um jornalista objetivo.


FP: O que o senhor descobriu sobre a fundadora do Planejamento Familiar, Margaret Sanger?
Flynn: Podemos dizer que Margaret Sanger foi uma autêntica "feminazista". Um dia, quando eu estava na Biblioteca do Congresso pesquisando sobre Margaret Sanger, descobri um discurso de 1932 no qual ela exigia um sistema de campos de concentração em massa que abrigasse entre 15 e 20 milhões de americanos. Seu sonho eugênico teria sido um pesadelo para os pobres e analfabetos pois ambos teriam sido enviados aos campos junto com viciados, criminosos e outros que ela julgava serem inadequados para reprodução. Seu plano é brutal e inequívoco: um em cada seis ou sete americanos teria sido aprisionado. O importante aqui não é o fato de eu ter encontrado esta informação por acaso, mas o fato de que dezenas de biografias de Sanger não mencionarem absolutamente nada sobre este plano. Isto é um escândalo. Margaret Sanger é uma figura expoente da história americana, retratada como uma campeã da liberdade de escolha reprodutiva. Esta pose não se sustenta quando descobrimos que ela promoveu a criação de um gulag americano e esterilizações obrigatórias em massa para evitar reproduções de fatias inteiras da sociedade.


FP: A Esquerda continua patológica na Guerra contra o Terrorismo. Há feministas aparecendo nuas em manifestações, vestindo chapéus sauditas e protestando contra Bush. Se elas vivessem nas culturas e sociedades que defendem, estariam exterminadas em 30 segundos só por mostrarem seus tornozelos. Há grupos como os "Queers for Palestine" (*) que surgem em manifestações anti-Israel e acabam espancados e calados por muçulmanos durante os protestos. Na cultura palestina, os homossexuais são perseguidos e fogem para Israel.
Em geral, a Esquerda se alia aos mesmos inimigos fascistas que extinguem todos os supostos valores esquerdistas: direitos da mulher, direitos dos gays, separação entre Religião e Estado etc etc. Isso é um tipo de desejo de morte, auto-repugnância ou o quê?
Flynn: Ao impormos uma explicação racional a atitudes de pessoas irracionais, corremos o risco de nós mesmos parecermos irracionais. Assim, tentarei fornecer uma explicação parcial que penso fazer algum sentido.
O ódio que a Esquerda sente pela América e seus aliados sobrepuja sua adoração pelos direitos humanos. É por isso que eles não comemoram as conquistas em direitos humanos no Afeganistão ou a tolerância de Israel para com os árabes homossexuais, que seriam severamente punidos em seus respectivos países.
A Esquerda recebia ordens da União Soviética. Os soviéticos se foram. Mas o inimigo dos soviéticos continua de pé, e alguns esquerdistas definem-se simplesmente por aquilo que se opõe aos Estados Unidos. Se há uma idéia que unifica a Esquerda desde a queda da Cortina de Ferro, é o anti-americanismo.


FP: Em outras palavras, se Adolf Hitler voltasse e liderasse os nazistas outra vez no mundo de hoje, a Esquerda ficaria ao lado dele só para continuar anti-americana?
Flynn: Não sei o que a Esquerda faria hoje nesta situação. Mas eu sei o que a Esquerda fez quando esta situação era real e não meramente hipotética.
No final dos anos 30, os esquerdistas que se opunham ferozmente ao nazismo repentinamente ficaram contra a guerra ao nazismo exatamente quando Hitler e Stálin se aliaram. A Liga Antinazista de Hollywood, por exemplo, transformou-se na Liga pela Ação Democrática de Hollywood em 1939, para aproximar-se da linha soviética. Quando a aliança se desfez durante a guerra, a Esquerda voltou a se opor verbalmente ao nazismo.
A análise do passado não garante resultados futuros, mas em geral é um indicador bem razoável.


FP: No seu livro, o senhor versa sobre as cinco idéias estúpidas de Chomsky. O senhor poderia compartilhar com nossos leitores quais seriam elas?
Flynn: Noam Chomsky produziu muitas idéias estúpidas, mas eu selecionei apenas cinco para excrutiná-las em Imbecis Intelectuais. Deixe-me resumir três delas.
A primeira é que, antes da guerra no Afeganistão, Chomsky previu que milhões de pessoas seriam mortas. Os números, nas piores projeções, são de alguns milhares, enquanto outras fontes citam apenas algumas centenas. A segunda idéia estúpida é que Chomsky declarou que o ataque de Clinton a uma fábrica de remédios no Sudão havia resultado em mais de 10.000 mortos. Na verdade, houve apenas um punhado de baixas. A terceira idéia, bem famosa, é aquela em que Chomsky, num artigo do The Nation em 1977, negou o genocídio no Camboja. Ele nitidamente aceitara a noção de que "na pior das hipóteses, as execuções foram na casa dos milhares" e estavam fora do controle do Khmer Vermelho. Ele escrevia "massacre" entre aspas, falava de "fábulas de atrocidades comunistas" e considerava as baixas na ordem de milhões uma piada.


FP: Quais suas impressões sobre Michael Moore e o filme Fahrenheit 9/11?
Flynn: Fahrenheit 9/11 é um grosseiro comercial anti-Bush. E o que é pior para Moore: é um filme chato, contém poucas seqüências originais e a imagem frequentemente aparece meio granulada. De qualquer forma, a trilha sonora é boa.
É pura propaganda. Dois tipos de mentira chamam a atenção.
O primeiro tipo de mentira são as específicas. Por exemplo, Moore afirma que Bush declarou guerra ao Afeganistão para ajudar a Union Oil Company of California a instalar um oleoduto. Mas a Unocal divulgou planos para um oleoduto no Afeganistão quando Bill Clinton era presidente. Há dois anos que tiramos o Talibã de lá, e não apenas o oleoduto não foi feito como não há mais planos para fazê-lo. Este oleoduto existe apenas nos devaneios de Michael Moore, não no Afeganistão.
O segundo tipo de mentira são as gerais - retratos desonestos da situação. Fahrenheit 9/11 mostra crianças sorridentes brincando na roda-gigante, empinando pipas e andando de bicicleta no Iraque de Saddam Hussein. Depois Moore corta para cenas de guerra, mostrando crianças mortas, queimadas, feridas. Por motivos diferentes, eu também me opus à guerra no Iraque, mas a honestidade me força a perguntar: seria lícito aos defensores da guerra simplesmente ter justaposto as brutalidades do Iraque pré-guerra de Saddam com a alegria do pós-guerra?


FP: Qual seria sua definição de imbecil intelectual?
Flynn: Um imbecil intelectual é aquele que desperdiça suas habilidades cognitivas superlativas com ideologias, ao invés de confiar na mente e dar-se ao trabalho pensar. Próxima a esta definição há uma foto de Noam Chomsky.


FP: Então, sr. Flynn, que esperanças restam aos conservadores para vencer a Guerra Cultural? A Esquerda nitidamente molda nossa linguagem e os parâmetros do debate de nossa sociedade. Diga-nos em que campo há esperanças de o controle esquerdista ser quebrado.
Flynn: Poucos concordaram com Ronald Reagan quando ele disse que o Ocidente transcenderia o comunismo. Mas aconteceu, e não foi por acaso.
Nas escolas e nas universidades, em Hollywood, no Judiciário e em outras fortalezas da Esquerda, o futuro do conservadorismo parece sombrio. Mas é claro o triunfo da liberdade sobre o totalitarismo e as idéias consevadoras pelo menos ganharam uma posição segura na mídia. Houve progresso onde houve ações coordenadas. Se os conservadores se focarem nos campi, por exemplo, da mesma forma que se concentraram por anos no viés esquerdista da mídia, acho que grandes feitos poderão ser conseguidos. Sou um otimista.


FP: Espero que o senhor esteja certo. Mas, em geral, enquanto os humanos continuarem a ser o que são - caídos e imperfeitos - acho que o impulso socialista nunca irá embora, e continuará a ser a coisa mais fácil para as pessoas se apegarem. Aliás, enquanto a desigualdade existir, o impulso à igualdade continuará existindo, e milhões e milhões serão torturados, esfomeados e exterminados.
Não conseguimos fazer as coisas "certas" e "perfeitas" neste mundo, porque somente Deus é perfeito. E por causa do pecado original e do lívre arbítrio, a imperfeição e a tragédia serão realidades constantes da vida humana. Porém, para muitos humanos, a coisa mais fácil intelectualmente é crer que isso pode ser consertado e que o paraíso pode ser construído na terra - uma experiência que sempre resultou no inferno na terra. E assim a Esquerda continuará poderosa, construindo mais infernos humanos com seus experimentos utópicos, que chegam a glorificação de assassinos suicidas. O que o senhor acha disso?
Flynn: A idéia de que o homem é um ser perfectível é a maior ilusão de todas. Seja um terrorista muçulmano tentando estabelecer o reino de Alá na terra, seja um nazista que acredita numa raça perfeita a ser criada, seja um comunista desejando um Mundo Melhor, a motivação desses fanáticos é a mesma. São todos utópicos.
O caminho do paraíso na terra sempre desvia para o inferno. Se você acredita que sua ideologia vai salvar a humanidade, o que você faria para impor esta idéia salvadora? Você estaria disposto a mentir? Matar? Se observarmos os números dos últimos cem anos, a resposta é quase sempre sim. Quando se constrói uma utopia, tudo é permitido. Nenhum fim é maior, portanto nenhum meio deve ser desprezado para chegar lá.


FP: E eis porque digo que a Esquerda jamais poderá ser derrotada: o desejo de muita gente em acreditar na utopia é mais forte do que reconhecer os limites da esperança humana. Mas o senhor está otimista?
Flynn: Se você pergunta se estou otimista que a Esquerda desapareça, a resposta é não. Se você pergunta se estou otimista que a Esquerda diminua sua força na academia, no Judiciário, em Hollywood e outras fortalezas, digo que há razões para estar otimista. No começo dos anos 70, nos EUA, os esquerdistas detinham o monopólio das instituições com sede em Washington, D.C. Isso acabou. Nos anos 80 e 90, os esquerdistas detinham o monopólio dos maiores órgãos de mídia. Isso acabou. Essas mudanças ocorreram por causa das ações de grandes grupos que agiam em conjunto para mudar as coisas. A educação superior e outras instituições podem mudar para melhor, mas somente se um grande número de pessoas estiver disposta a se esforçar.


FP: Muito obrigado, sr. Flynn. Foi um prazer entrevistá-lo.
Flynn: Obrigado Jamie.


Publicado pelo Frontpagemag.com

Tradução: Edward Wolff.

(*) queer significa literalmente "estranho" ou "esquisito"; modernamente, o termo é usado para referir-se a qualquer pessoa cuja orientação sexual é diferente do normal: homossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, exibicionistas, pedófilos, zoófilos, necrófilos, voyeurs etc.